45º Dia: Se quiser ir em bora, não fará falta!

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28 de dezembro de 2014 por Marcos Bossolon

Campinas. Dia 28/12/2014

Caro diário. Hoje o dia foi muito quente. O que causou preguiça a todos. Na verdade, com o calor já foi difícil dormir. Desisti de dormir por volta das 4:00 (Não tinha conseguido dormir a noite toda).

Sai do quarto apenas para andar pelos corredores vazios e passar o tempo. Realmente não há muito o que se ver senão algumas pessoas passando mal e enfermeiras correndo ajudar.

Ficar acordado a noite toda iria me afetar durante o dia, eu sabia disso, mas não conseguia dormir. Por volta das 6:00 segui para tomar café da manhã mais cedo. Mais ou menso na hora que Raquel também levantara.

_ Pesadelos? _ Perguntou-me entrando na cozinha e vendo que eu já me servia de pão caseiro e leite.

_ Calor… não dormi a noite toda. _ Respondi

_ Sei como é… também demorei a dormir…

Depois do café tivemos que aguentar mais discussões entre Derek e Catarina sobre o resto do hospital. Aquilo realmente estava ficando chato. Eu também queri, assim como Derek, limpar as outras alas. Mas Tem tantas coisas para ajudar no hospital, que fico me perguntando se realmente temos condições de fazer isso.

Fiquei então trabalhando no muro a manhã toda. Mas durante a tarde nem me arrisquei a ir la. Com o calor que tem feito, é loucura fazer exercícios físicos no sol. O pior é que, mesmo dando sede, a água está quente, por falta de geladeira. Ja faz um tempo que nem comemos carne porque boa parte dela tá apodrecida.

Antonio sugeriu que fôssemos atrás de geradores de energia. Assim gelávamos a água e podíamos conservar alguma carne. Mas Catarina continua desaprovando.

_ Quantas vezes tenho que falar? Não temos pessoal o suficiente e a segurança dos paciente é prioridade

_ Esses pacientes são seu trabalho, e não o nosso! _ Berrava Derek _ Eu não tenho nada a ver com eles

_ E novamente te digo! Se quiser ir em bora, não fará falta!

_ E eu devo ir com todos os recursos que trouxe? E a água? Se não fosse por nós todos aqui estariam mortos de sede!

_ Eu agradeço pelos seus esforços! Agradeço mesmo! Mas não vou permitir que saiam por aí atraindo zumbis ou fazendo o que bem entendem!

A conversa seguiria por horas, mas foi interrompida por um homem que entrou pela porta de Catarina. O homem era magro, barbudo com olhos fundos e se coçava muito. Tinha cabelos pretos e todos bagunçados. Se eu não soubesse que era um paciente, eu diria que era um mendigo qualquer de tão desleixado que se portava.

_ Com licença, doutora… _ Falava cabisbaixo e parecendo com pouca auto-estima _ Mas será que posso tomar alguma coisa para a dor?

_ Está sentindo dores de novo, Luiz?

Catarina passou alguns minutos averiguando o rapaz e por fim pediu a uma enfermeira lhe dar uma dose de medicamentos. Derek que olhava atentamente o rapaz afirmou:

_ Não deveria dar nada a ele! Ele está mentindo

_ Então agora quer me dizer como fazer meu trabalho?

_ Estou dizendo como faço o meu. Sou policial e reconheço um viciado quando vejo um. E aquele cara ali é um viciado.

_ Você não sabe de nada! Depois de 5 anos de uma faculdade de medicina venha me dizer sobre a doença dele. Agora saiam da minha sala!

Sendo praticamente expulsos da sala de Catarina, não restou nenhuma outra solução senão voltar ao trabalho. Como eu mal tinha dormido a noite e o sono estava batendo resolvi fazer algo mais leve, como limpar o chão ou algo do tipo.

Por volta das 19:00 começou a chover. E isso alegrou a todos. A chuva trouxe consigo umidade e frio. Ficamos praticamente o fim da tarde com na porta do hospital aproveitando o ar gelado que vinha de fora. Depois nos recolhemos para o quarto 104, mas, não fiquei muito por la. Estava muito cansado. Então resolvi escrever no diário e ir dormir.

Fim do dia 45

103	104	105	Resto do hospital
Derek (28)	Lucia (17)	Dario (23)	Catarina (29)
Tonny (26)	Victor (21)	Mateus (20)	Osvaldo (51)
Antonio (61)	Gabriel (24)	Camila (21)	Beatriz (21)
Pr. Felipe (40)	Pink (19)	Fabricia (32)	Luiz (24)
Raquel (24)	Jim (23)	Miguel (7)
Alan (35)